DE 26 A 28 DE OUTUBRO DE 2018

FEIRA ANARQUISTA DO LIVRO DE LISBOA

Certamente não é em todos os livros que podemos encontrar laivos de possíveis rumos para a liberdade. Muitos criaram maciços cadeados que sufocaram e oprimiram gentes e comunidades ao longo da história e do Globo. Alguns destes são os mais publicados da história, como A Bíblia (com o seu Génesis), O Livro Vermelho de Mao, O Príncipe, E Tudo o Vento Levou, ou até o Mein Kampf. As bibliotecas continuam a ter as prateleiras carregadas de novos e velhos volumes de literatura misógina, contos infantis sexistas, manuais de saúde homofóbicos e transfóbicos, livros escolares racistas, reedições da história imperial dos “descobrimentos”, constituições, códigos civis e penais, e claro, manuais de auto-ajuda.

Somos conscientes da ingenuidade desse anarquista ibérico que no final do século XIX, achava que a imprensa era o derradeiro invento que finalmente libertaria a sociedade. Mas no início do século XXI, quando, por vezes, o abecedário digital confere outra dimensão às palavras, ainda acreditamos nesse amontoado de papel, que dura séculos, que se pode ler, reler, oferecer, trocar, sublinhar, riscar, recortar, copiar, memorizar, e até usar para matar mosquitos e insónias, ou como guardião de folhas secas e lembranças. Uma vez produzido, tintado, encadernado, colado ou grampeado, não temos que recorrer à electricidade das centrais nucleares nem do lítio das minas poluentes a céu aberto, e podemos levá-lo connosco até o fim do mundo (ou até aos primórdios desses mundos novos que levamos nos nossos corações… e demais vísceras). Sim, alguns livros servem para sonhar e inspirar futuros ardorosos, que emergem das brasas de uma prisão em chamas – e de todas as suas (re)encarnações.

Este ano a Feira Anarquista do Livro volta a Lisboa nos dias 26, 27 e 28 de Outubro, novamente no cume fresco da Penha de França. Além dos vários achados que poderás encontrar nas bancas de livros de pequenas editoras e distribuidoras, também vais poder desfrutar de concertos, do indispensável convívio, de uma oficina de encadernação, e das conversas programadas sobre gentrificação e cultura libertária em Cacilhas, vacinação numa perspectiva antiautoritária, antipsiquiatria, histórias subversivas de algumas mulheres, “os mauzões e mauzonas” do maio de 1968, a atual brutal repressão na Turquia, e os diálogos entre o pensamento anarquista e o anticolonial.

Traz a tua palavra não presa, seja vocal seja impressa!